terça-feira, 25 de outubro de 2016

Biografia de Lamarck

   
       Jean-Baptiste-Pierre-Antoine de Monet, chevalier de Lamarck, nasceu em Bazentin-le-Petit, Picardia, em 1º de agosto de 1744. Descendente de família nobre, mas de poucos recursos, ficou órfão aos 17 anos. 
Foi nesse ambiente que lhe veio o gosto pelas ciências naturais. Tornou-se amigo do botânico Augustin Pyrame de Candolle e em 1778 publicou o livro Flore française, destinado a facilitar a identificação prática das plantas de seu país. Bem recebida, essa obra lhe valeu a admiração e proteção do conde Georges de Buffon, que o indicou para a Academia das Ciências, possibilitou-lhe a realização de diversas viagens e conseguiu-lhe um lugar de botânico no Jardin du Roi (depois Jardin des Plantes), que ocupou até 1793. Nessa data, embora botânico, foi nomeado para a cátedra de zoologia dos invertebrados no Museu Nacional de História Natural.

           Dedicou-se então à taxionomia e firmou alguns pontos importantes, como a retirada dos aracnídeos e crustáceos da classe dos insetos. Também iniciou uma triagem na classe dos vermes, de Lineu, e nos equinodermos. Foi levado a procurar um sistema natural de classificação e a abandonar o princípio da fixidez das espécies, em franca oposição aos ditadores da ciência francesa da época, Georges Cuvier e Buffon. 
         Lamarck admitiu uma ação mais direta sobre as plantas e animais inferiores. Sobre os demais, onde o sistema nervoso se apresenta complexo, considerou a vontade (sentiment intérieur) e a inteligência como os principais fatores adaptativos, sobre os quais o meio agiria através das necessidades que determinaria e das reações suscitadas por tais necessidades.  Explicava, desse modo, o comprimento do pescoço da girafa como resultante de uma imposição do meio: a necessidade de alcançar folhas dos galhos mais altos das árvores teria provocado o desenvolvimento da região gular, pela ação da vontade. 
          
        
         Divulgados os trabalhos de Gregor Mendel e de August Weissmann, as idéias de Lamarck foram abandonadas pela maioria dos biólogos. A essência de seu pensamento, porém, encontra defensores entre os darwinistas. A escola neolamarckista aceita o funcionamento da seleção natural no mecanismo da evolução, sem negar, porém, a hereditariedade de caracteres somáticos adquiridos, que modificariam, ao longo de milhões de anos, o genótipo do indivíduo, o que não se pode provar ou negar experimentalmente. Lamarck morreu em Paris, cego e pobre, em 18 de dezembro de 1829.
Seus conceitos sobre a continuidade da matéria viva levaram-no a considerar em conjunto o estudo dos princípios básicos dos organismos, em um campo da ciência que denominou biologia. Cedo reconheceu a existência da variação dentro das espécies, que explicou como decorrente da ação do meio ambiente sobre os organismos.
A base da argumentação de Lamarck é a suposição de que as modificações somáticas (que não distinguia das genéticas) de um organismo seriam hereditárias. Foi também o primeiro a afirmar que a evolução é regida por leis e o primeiro a enunciá-las.
De 1800 a 1806, nas aulas inaugurais dos cursos que ministrava no Museu de Paris, expôs suas ideias, que publicou em 1809 em Philosophie zoologique (Filosofia zoológica) e desenvolveu na Histoire naturelle des animaux sans vertèbres (História natural dos animais invertebrados), publicada entre 1815 e 1822. Ao contrário de Buffon, mostrou que um sistema ideal de classificação deve-se basear na anatomia comparada e na filogenia do grupo tratado.
 A teoria transformista de Lamarck, denominada lamarckismo, pode ser resumida nas duas leis que enunciou em 1800 e desenvolveu em 1809:

    Primeira lei: Em todo animal que não ultrapassou ainda o termo de seu desenvolvimento, o emprego mais frequente e continuado de um órgão qualquer fortalece pouco a pouco esse órgão, desenvolve-o, leva-o a crescer e lhe dá uma potência proporcional à duração desse uso, ao passo que a constante falta de uso do órgão enfraquece-o gradativamente, deteriora-o, diminui suas faculdades e acaba por fazê-lo desaparecer.
    Segunda lei: Tudo o que a natureza acrescenta ou suprime nos indivíduos (por força das circunstâncias a que sua raça há muito se acha exposta e, em consequência, por influência do emprego predominante de tal órgão ou pela falta constante de seu uso), ela conserva, pela geração, na espécie futura, desde que as variações adquiridas sejam comuns aos dois sexos ou àqueles que produziram os novos indivíduos.


Se a primeira lei continua aceita como verdadeira, a herança dos caracteres somáticos adquiridos é matéria controvertida e já contestada, pelo menos na forma exposta por Lamarck, que se baseara em ideias de Denis Diderot. O aforismo comumente citado como "a função faz o órgão" provém desses conceitos de Diderot e de Lamarck, e encerra uma noção contraditória, uma vez que se a função é definida como ação peculiar a um órgão, tecido ou célula, não se concebe antes de existir o órgão correspondente.


Fontes: 
http://www.biomania.com.br/bio/?pg=artigo&cod=2633
http://lamarcknow.blogspot.com.br/2008/03/lamarck-biografia.html
http://cienciahoje.uol.com.br/52486 
http://www.ucmp.berkeley.edu
http://www.infoescola.com/biologia/teoria-de-lamarck/ 

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