terça-feira, 25 de outubro de 2016

Seleção Natural




Ponto de Partida


Algumas ideias são muito poderosas para explicar o que observamos na natureza. Um exemplo disto é o conceito de seleção natural para explicar o processo de evolução dos seres vivos. A ideia de que os seres vivos mudam com o tempo estava relativamente difundida na comunidade científica à época em que o inglês Charles Darwin (1809- 1882) publicou o livro "A origem das espécies". Entretanto, este livro foi fundamental para uma ampla aceitação da comunidade científica acerca da ideia da evolução biológica. Isso aconteceu porque Darwin explicou de uma forma muito convincente como ocorre o processo da evolução dos seres vivos. Ele propôs, entre outros, o conceito de seleção natural para explicar como os seres vivos evoluem. A seleção natural não é único mecanismo que propicia a evolução, mas é um aspecto muito importante do processo. A obra de Darwin, publicada em 1858, convenceu a comunidade científica e as pessoas em geral sobre a idéia de evolução. A forma como Darwin explicou processo de evolução biológica foi diferente da forma como outros explicavam. Um exemplo diferente de explicar as transformações dos seres vivos é a forma como o francês conhecido como Lamarck (1744-1829) explicava tal processo. Lamarck e outros pensadores, muito anteriores a ele e à Darwin, explicavam o processo de evolução através de outros mecanismos. A teoria de Darwin foi muito poderosa justamente porque foi convincente e fez com que a evolução passasse a ser encarada como uma verdade científica, amplamente aceita nos meios acadêmicos e na sociedade como um todo. Ainda hoje muitos pesquisadores investigam sobre os processos de evolução. A pesquisa neste campo foi muito enriquecida principalmente com informações do campo da genética. Darwin não se preocupou como o processo da hereditariedade, ou seja, sobre o mecanismo como as informações são transmitidas de uma geração para outra. Este tema foi investigado pelo austríaco Gregor Mendel (1822-1884), que não teve seus trabalhos reconhecidos na época que ainda era vivo. Porém, Mendel foi posteriormente considerado o pai da genética algumas décadas depois da publicação de seu trabalho, porque tal trabalho deu origem ao campo da genética, que está em pleno desenvolvimento na atualidade. Apesar de Darwin não ter se preocupado pela forma exata como as características são transmitidas de uma geração para outra ele explorou os fatores que levam um organismo ou uma espécie a se perpetuar no ambiente. Ele criou conceitos que ajudam a entender porque algumas espécies permanecem no ambiente enquanto outras são extintas. Seu trabalho foi fruto de um acúmulo de informações dele, e de outros pesquisadores, que ele conseguiu organizar para explicar e evolução de uma forma muito interessante e convincente.




Origem da Teoria
As observações sobre o comportamento da natureza eram constantes por parte dos intelectuais no século XIX. nesse período diversas teorias sobre os seres vivos e sua sobrevivência no meio surgiram. Entre 1832 e 1844, Charles Darwin esboçou sua teoria da evolução por meios de seleção natural como uma explicação para a adaptação e especiação. Ele definiu a seleção natural como um "princípio no qual cada pequena variação (ou característica), se benéfica, é preservada" O conceito era simples mas poderoso: indivíduos mais aptos ao ambiente têm mais chances de sobreviver e reproduzir-se E enquanto existir algum tipo de variação entre eles, ocorrerá uma inevitável seleção de indivíduos com as variações mais vantajosas.
Se as variações são hereditárias, um diferencial no sucesso reprodutivo irá acarretar uma evolução progressiva de uma dada população particular de uma espécie, e populações que evoluem ficando suficientemente diferentes, podendo acabar se tornando espécies diferentes.
As ideias de Darwin foram inspiradas pelas observações que ele havia feito na Viagem do Beagle, uma de suas considerações foi de que a população (se não supervisionada) crescia exponencialmente enquanto que o suprimento de comida só crescia linearmente; logo limitações inevitáveis de recursos acarretariam implicações demográficas, levando a uma "luta pela sobrevivência", na qual somente o mais apto sobreviveria.
Darwin foi meticuloso em arregimentar e refinar evidências, compartilhando suas ideias somente com poucos amigos. Ele foi inspirado a publicar suas ideias depois que o jovem naturalista Alfred Russel Wallace concebeu independentemente o princípio da seleção natural e o descreveu em uma carta que enviou a Darwin. Os dois resolveram apresentar dois pequenos ensaios a Sociedade Linneana anunciando a codescoberta do princípio em 1858.  Darwin publicou um relato mais detalhado de suas evidências e conclusões em seu livro A Origem das Espécies de 1859.



A Viagem de Darwin


A missão da viagem, que partiu da Inglaterra em 1831, era mapear a costa da América do Sul para atualizar as cartas náuticas britânicas e de quebra deixar na Patagônia três indígenas argentinos que haviam sido catequizados. Darwin, então com 22 anos, foi convidado para o “passeio” apenas para fazer companhia ao capitão, Robert Fitzroy
O navio Beagle aportou na Bahia e depois seguiu para o Rio, onde o criacionismo, crença religiosa de que Deus criou todos os seres vivos, teve seu primeiro baque. Ao observar uma mosca injetar seus ovos em uma lagarta viva para que as larvas se alimentassem das entranhas, Darwin se perguntou como poderia um Deus “bom” ter feito uma criatura tão cruel.Outro choque para Darwin no Brasil foi presenciar o comércio de escravos, prática que já havia sido abolida na Inglaterra em 1808
Depois de uma passagem por Uruguai, o Beagle ancorou na Argentina, onde libertou os indígenas que haviam sido capturados anos antes. No país, Darwin coletou fósseis de preguiças e tatus ancestrais e constatou que se tratava de animais gigantes, que mudaram muito até virarem os descendentes de hoje
O navio continuou em direção ao sul, chegando à Patagônia, onde Darwin encontrou ainda outra pista da evolução das espécies: existiam dois tipos de emas na região, mas um exemplar era gigante (ao norte) e outro era pequeno (ao sul). A semelhança entre os bichos sugeria que uma espécie originou a outra ou que ambas tinham um ancestral comum
Nas Ilhas Galápagos, Darwin achou pássaros com bicos diferentes: alguns para comer sementes, outros para cactos. Anos depois, ele entenderia que os pássaros tinham um ancestral comum, mas evoluíram em ambientes distintos: os que sofreram mutações vantajosas para seu meio sobreviveram e passaram os traços aos seus descendentes
 Apesar de abalada pelas descobertas, a fé criacionista de Darwin perdurava. Na Austrália, em 1836, ele observou a armadilha usada pela formiga-leão para capturar suas presas e concluiu que apenas um Criador poderia ter dado ao bicho esse mecanismo complexo. Também estranhou o ornitorrinco e o considerou fruto de um “projeto especial” de Deus
 O navio ainda viajou por oito meses depois de deixar a Oceania. Durante o trajeto, Darwin coletou e despachou ossos, carcaças, pedras e plantas para especialistas ingleses. Quando voltou à Inglaterra, em outubro de 1836, escutou a opinião dos especialistas que tinham recebido suas amostras e começou a traçar

A Teoria

O processo de seleção natural originário das teses evolutivas de Charles Darwin é adotado pelos cientistas como a teoria mais viável na justificação da capacidade que determinados seres vivos possuem de sobreviverem ao longo do tempo, em detrimento de outros, e da sua aptidão para se converterem em múltiplas variedades de espécies. Todo este mecanismo está comprovado por meio de evidências fósseis.
Segundo Darwin, a seleção natural ocorre através da conformação de certas propriedades benéficas ao contexto ambiental, as quais são legadas hereditariamente para os sucessores dos seres vivos. Desta forma, estas características favoráveis configuram paradigmas que se fortalecem no seio dos entes vivos. Por sua vez os traços não propícios vão rareando até desaparecerem, pois não são mais transmitidos para a posteridade. Este é o procedimento elementar da teoria evolutiva.
Assim, os seres com fenótipos bons – elementos orgânicos que podem ser examinados, como as formas da matéria, seu crescimento, características bioquímicas, fisiológicas e comportamentais – apresentam maior dom para resistir às intempéries e se multiplicar do que os que portam fenótipos desfavoráveis. No desfecho deste enredo este mecanismo pode revelar a aptidão de certas entidades ao meio ambiente, as quais serão localizadas em recantos ecológicos específicos.
As modificações realizadas com sucesso revigoram a perpetuação vital dos seres nos quais elas são implementadas, capacitando-os a reproduzir-se e, assim, a transmitir estas mutações aos entes vindouros, os quais, evolutivamente, podem vir a constituir novos espécimes.
Sempre focando na configuração de novos elementos e no seu legado hereditário, a seleção natural não faz diferença entre seleção ecológica, realizada pelo meio, e seleção sexual, empreendida pela reprodução das espécies, pois cada atributo do ser pode estar presente ao mesmo tempo nestas duas categorias. Uma variedade determinada, por exemplo, além de tornar o ser mais capaz de resistir aos desafios naturais, é herdada pelos sucessores, que terão mais condições de se perpetuar do que os que apresentam mutações não condizentes com o mecanismo de adaptação ao ambiente.
Para entender um pouco melhor como funciona a Seleção Natural, observe o exemplo a seguir de uma população de besouros:


Referências:


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