Algumas ideias são muito
poderosas para explicar o que observamos na natureza. Um exemplo disto é o
conceito de seleção natural para explicar o processo de evolução dos seres
vivos. A ideia de que os seres vivos mudam com o tempo estava relativamente difundida
na comunidade científica à época em que o inglês Charles Darwin (1809- 1882)
publicou o livro "A origem das espécies". Entretanto, este livro foi
fundamental para uma ampla aceitação da comunidade científica acerca da ideia
da evolução biológica. Isso aconteceu porque Darwin explicou de uma forma muito
convincente como ocorre o processo da evolução dos seres vivos. Ele propôs,
entre outros, o conceito de seleção natural para explicar como os seres vivos
evoluem. A seleção natural não é único mecanismo que propicia a evolução, mas é
um aspecto muito importante do processo. A obra de Darwin, publicada em 1858,
convenceu a comunidade científica e as pessoas em geral sobre a idéia de
evolução. A forma como Darwin explicou processo de evolução biológica foi diferente
da forma como outros explicavam. Um exemplo diferente de explicar as
transformações dos seres vivos é a forma como o francês conhecido como Lamarck
(1744-1829) explicava tal processo. Lamarck e outros pensadores, muito
anteriores a ele e à Darwin, explicavam o processo de evolução através de
outros mecanismos. A teoria de Darwin foi muito poderosa justamente porque foi
convincente e fez com que a evolução passasse a ser encarada como uma verdade
científica, amplamente aceita nos meios acadêmicos e na sociedade como um todo.
Ainda hoje muitos pesquisadores investigam sobre os processos de evolução. A
pesquisa neste campo foi muito enriquecida principalmente com informações do
campo da genética. Darwin não se preocupou como o processo da hereditariedade,
ou seja, sobre o mecanismo como as informações são transmitidas de uma geração
para outra. Este tema foi investigado pelo austríaco Gregor Mendel (1822-1884),
que não teve seus trabalhos reconhecidos na época que ainda era vivo. Porém,
Mendel foi posteriormente considerado o pai da genética algumas décadas depois
da publicação de seu trabalho, porque tal trabalho deu origem ao campo da
genética, que está em pleno desenvolvimento na atualidade. Apesar de Darwin não
ter se preocupado pela forma exata como as características são transmitidas de
uma geração para outra ele explorou os fatores que levam um organismo ou uma
espécie a se perpetuar no ambiente. Ele criou conceitos que ajudam a entender
porque algumas espécies permanecem no ambiente enquanto outras são extintas.
Seu trabalho foi fruto de um acúmulo de informações dele, e de outros
pesquisadores, que ele conseguiu organizar para explicar e evolução de uma
forma muito interessante e convincente.
Origem da Teoria
As observações sobre o comportamento da
natureza eram constantes por parte dos intelectuais no século XIX. nesse
período diversas teorias sobre os seres vivos e sua sobrevivência no meio
surgiram. Entre 1832
e 1844, Charles Darwin esboçou sua teoria da evolução por meios de seleção
natural como uma explicação para a adaptação e especiação. Ele definiu a
seleção natural como um "princípio no qual cada pequena variação (ou
característica), se benéfica, é preservada" O conceito era simples mas poderoso:
indivíduos mais aptos ao ambiente têm mais chances de sobreviver e
reproduzir-se E enquanto existir
algum tipo de variação entre eles, ocorrerá uma inevitável seleção de
indivíduos com as variações mais vantajosas.
Se as variações são hereditárias, um
diferencial no sucesso reprodutivo irá acarretar uma evolução progressiva de
uma dada população particular de uma espécie, e populações que evoluem ficando
suficientemente diferentes, podendo acabar se tornando espécies diferentes.
As ideias de Darwin foram inspiradas
pelas observações que ele havia feito na Viagem do Beagle, uma de suas considerações foi de que a
população (se não supervisionada) crescia exponencialmente enquanto que o suprimento de comida só
crescia linearmente; logo limitações inevitáveis de recursos acarretariam
implicações demográficas, levando a uma "luta pela sobrevivência", na
qual somente o mais apto sobreviveria.
Darwin foi meticuloso
em arregimentar e refinar evidências, compartilhando suas ideias somente com
poucos amigos. Ele foi inspirado a publicar suas ideias depois que o jovem
naturalista Alfred
Russel Wallace concebeu
independentemente o princípio da seleção natural e o descreveu em uma carta que
enviou a Darwin. Os dois resolveram apresentar dois pequenos ensaios a
Sociedade Linneana anunciando a codescoberta do princípio em 1858. Darwin publicou um relato mais detalhado de suas evidências e
conclusões em seu livro A
Origem das Espécies de 1859.
A
Viagem de Darwin
A missão da viagem, que partiu da Inglaterra em
1831, era mapear a costa da América do Sul para atualizar as cartas náuticas
britânicas e de quebra deixar na Patagônia três indígenas argentinos que haviam
sido catequizados. Darwin, então com 22 anos, foi convidado para o “passeio”
apenas para fazer companhia ao capitão, Robert Fitzroy
O navio Beagle aportou na Bahia e depois seguiu
para o Rio, onde o criacionismo, crença religiosa de que Deus criou todos os
seres vivos, teve seu primeiro baque. Ao observar uma mosca injetar seus ovos
em uma lagarta viva para que as larvas se alimentassem das entranhas, Darwin se
perguntou como poderia um Deus “bom” ter feito uma criatura tão cruel.Outro
choque para Darwin no Brasil foi presenciar o comércio de escravos, prática que
já havia sido abolida na Inglaterra em 1808
Depois de uma passagem por Uruguai, o Beagle
ancorou na Argentina, onde libertou os indígenas que haviam sido capturados
anos antes. No país, Darwin coletou fósseis de preguiças e tatus ancestrais e
constatou que se tratava de animais gigantes, que mudaram muito até virarem os
descendentes de hoje
O navio continuou em direção ao sul, chegando à
Patagônia, onde Darwin encontrou ainda outra pista da evolução das espécies:
existiam dois tipos de emas na região, mas um exemplar era gigante (ao norte) e
outro era pequeno (ao sul). A semelhança entre os bichos sugeria que uma
espécie originou a outra ou que ambas tinham um ancestral comum
Nas Ilhas Galápagos, Darwin achou pássaros com
bicos diferentes: alguns para comer sementes, outros para cactos. Anos depois,
ele entenderia que os pássaros tinham um ancestral comum, mas evoluíram em
ambientes distintos: os que sofreram mutações vantajosas para seu meio
sobreviveram e passaram os traços aos seus descendentes
Apesar de
abalada pelas descobertas, a fé criacionista de Darwin perdurava. Na Austrália,
em 1836, ele observou a armadilha usada pela formiga-leão para capturar suas
presas e concluiu que apenas um Criador poderia ter dado ao bicho esse
mecanismo complexo. Também estranhou o ornitorrinco e o considerou fruto de um
“projeto especial” de Deus
O navio
ainda viajou por oito meses depois de deixar a Oceania. Durante o trajeto,
Darwin coletou e despachou ossos, carcaças, pedras e plantas para especialistas
ingleses. Quando voltou à Inglaterra, em outubro de 1836, escutou a opinião dos
especialistas que tinham recebido suas amostras e começou a traçar
A
Teoria
O processo de seleção natural originário das
teses evolutivas de Charles Darwin é adotado pelos cientistas como a teoria
mais viável na justificação da capacidade que determinados seres vivos possuem
de sobreviverem ao longo do tempo, em detrimento de outros, e da sua aptidão
para se converterem em múltiplas variedades de espécies. Todo este mecanismo
está comprovado por meio de evidências fósseis.
Segundo Darwin, a seleção natural ocorre através
da conformação de certas propriedades benéficas ao contexto ambiental, as quais
são legadas hereditariamente para os sucessores dos seres vivos. Desta forma,
estas características favoráveis configuram paradigmas que se fortalecem no
seio dos entes vivos. Por sua vez os traços não propícios vão rareando até
desaparecerem, pois não são mais transmitidos para a posteridade. Este é o
procedimento elementar da teoria evolutiva.
Assim, os seres com fenótipos bons – elementos
orgânicos que podem ser examinados, como as formas da matéria, seu crescimento,
características bioquímicas, fisiológicas e comportamentais – apresentam maior
dom para resistir às intempéries e se multiplicar do que os que portam
fenótipos desfavoráveis. No desfecho deste enredo este mecanismo pode revelar a
aptidão de certas entidades ao meio ambiente, as quais serão localizadas em
recantos ecológicos específicos.
As modificações realizadas com sucesso revigoram
a perpetuação vital dos seres nos quais elas são implementadas, capacitando-os
a reproduzir-se e, assim, a transmitir estas mutações aos entes vindouros, os
quais, evolutivamente, podem vir a constituir novos espécimes.
Sempre focando na configuração de novos elementos
e no seu legado hereditário, a seleção natural não faz diferença entre seleção
ecológica, realizada pelo meio, e seleção sexual, empreendida pela reprodução
das espécies, pois cada atributo do ser pode estar presente ao mesmo tempo
nestas duas categorias. Uma variedade determinada, por exemplo, além de tornar
o ser mais capaz de resistir aos desafios naturais, é herdada pelos sucessores,
que terão mais condições de se perpetuar do que os que apresentam mutações não
condizentes com o mecanismo de adaptação ao ambiente.
Para entender um pouco melhor como funciona a
Seleção Natural, observe o exemplo a seguir de uma população de besouros:
Referências:
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