terça-feira, 25 de outubro de 2016

Darwin no Brasil

O naturalista inglês Charles Robert Darwin (1809 – 1882) embarcou em 27 de dezembro de 1831 no navio HMS Beagle (referência à raça de cães) sob o comando do capitão Fitz-Roy deixou a cidade de Davenport, no sudoeste da Inglaterra, para uma viagem de quatro anos e nove meses ao redor do mundo (1832 a 1836), visando mapear a costa da América do Sul. .  A embarcação passou pelo Brasil - em Salvador e Rio de Janeiro -, indo para o Uruguai, Montevidéu, Argentina, Patagônia no Chile e Ilha Galápagos. Em seguida foi para o Haiti, passando pela Nova Zelândia, Austrália e África. Depois desse percurso, ele acabou retornando à Bahia e seguiu para a Inglaterra. 


Chegou ao Brasil em 1832, percorrendo o seguinte trajeto: 20 de fevereiro, Fernando de Noronha; 28 de fevereiro a 18 de março, Salvador; 29 de março, Abrolhos; 4 de abril a 5 de julho, Rio de Janeiro; entre 8 e 24 de abril, realizou excursão ao interior do Estado. Em 1836, no retorno à Inglaterra, o Beagle passou novamente pelo Brasil, permanecendo, de 1 a 6 de agosto, em Salvador, e, de 7 a 12 de agosto, em Recife.

 Darwin, ao se comunicar com familiares e amigos, enviava correspondências, rochas, fósseis, animais e plantas que coletou durante o percurso a cada vez que o Beagle atracava. John Henslow, mentor de Darwin, famoso professor e botânico, ficou responsável de receber as amostras e entregar para descrição e análise feita por especialistas. Em 1836, ao retornar para a Inglaterra, Darwin já era famoso devido à qualidade do material que enviou.

Salvador – BA


Salvador foi seu primeiro contato com o continente americano e em seu diário, mostrou-se fascinado com a paisagem da cidade. Ele fica especialmente deslumbrado com a exuberância da vegetação, além de relatar que as construções tinham uma aparência elegante.
 Nos primeiros dias, caminhou pela cidade atento ao meio ambiente, e maravilhou-se com a diversidade e abundância de espécimes vegetais, com as flores e com o verde brilhante.O cientista descreveu sua experiência como "delightfully: delight is however a weak term for such transports of pleasure ..." (encantador: encanto é, contudo, um termo fraco para descrever tamanho prazer)

Rio de Janeiro


     O Beagle deixou Salvador em 18 de março e desceu pela costa brasileira até chegar ao Rio de Janeiro, em 5 de abril.Neste ponto da viagem Darwin ficou sozinho no Rio, pois o Beagle teve que retornar à Bahia para refazer algumas medições topográficas. Darwin residiu então em Botafogo, e fez pequenas expedições pela Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Penha e Gávea. Subiu o Corcovado e foi caçar na Fazenda dos Macacos, além disso, viajou pelo norte fluminense subindo a serra da Tiririca, em Niterói.
     Em seu diário, destacou o colorido da paisagem, observou a beleza de uma floresta de acácias, em Itaboraí, e as samambaias de Conceição de Macabu. Os animais que mais o interessaram e fascinaram foram os insetos. Darwin passava os dias coletando, observando e estudando o comportamento desses animais e suas anotações foram importantes para a formulação da Teoria da Evolução e o princípio da seleção natural.

     Apesar da fauna e da flora brasileira terem fascinado Darwin, os hábitos dos brasileiros não lhe agradaram. Ele criticou em seu diário de viagem, dentre alguns pontos, a existência de escravos no Brasil. Quando esteve em uma fazenda notou os privilégios destinados aos homens de posses e a burocracia brasileira, neste mesmo local, o cientista presenciou algo que o chocou profundamente: um negro tinha alguma dificuldade de comunicação, o que fez com que Darwin tentasse comunicar- se com ele por mímica e outros sinais. Num desses movimentos, conta ele, suas mãos passaram próximo ao rosto do homem, levando-o a acreditar que Darwin estava enraivecido por alguma razão e iria golpeá-lo. O negro abaixou imediatamente as mãos, semicerrou os olhos e dirigiu-lhe um olhar temeroso. Darwin relata o profundo sentimento de surpresa, desconforto e vergonha que se apoderara dele e que jamais iria esquecer.


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